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A Literatura liberta!

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Os livros nos fazem viajar o mundo todo a ponto de sermos libertos e transformados por essa viagem

Por Vanessa Moreno

“O livro é caro! ” Essa é a frase que Clóvis Matos mais ouviu no ano 2.000, quando trabalhava em uma livraria de Shopping. Lá sua função era criar mecanismos para vender livros. Então ele organizava locais confortáveis dentro da loja para que as pessoas pudessem ter uma prévia da obra. Em parte, funcionava, porque as pessoas liam, mas não levavam por conta do valor. Isso fez com que Clóvis chegasse a uma conclusão: “se uma pessoa que frequenta um shopping center não tem grana para comprar um livro, imagina quem mora na zona rural, em locais de difícil acesso”.

Essa circunstância foi o start para que Clóvis iniciasse um projeto que provocaria a inclusão de pessoas através da literatura e assim nasceu o Inclusão Literária, que há 18 anos percorre estradas de todo o Brasil levando livros para comunidades rurais, escolas, feiras, assentamentos e cidades com pouca ou sem nenhuma assistência.

“Eu gosto muito de trabalhar em locais difíceis onde ninguém vai, porque não tem assistência nenhuma, eles não têm nada e não recebem nada, por isso ficam até incrédulos quando eu chego distribuindo livro gratuito para eles”, conta.

Clóvis Matos é historiador, escritor e produtor cultural. Ao longo desses 18 anos ele já rodou cerca de 250 mil quilômetros e já entregou mais de 230 mil livros em quase todas as cidades de Mato Grosso e também em outros estados como Goiás, Tocantins, Pará, Rondônia, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.

Essa é a sua verdadeira paixão: pegar a estrada e, a cada parada, instalar uma biblioteca cheia de livros para que as pessoas possam ler e desenvolver um novo hábito.

Paralelamente ao Inclusão Literária, há 15 anos, quando chega dezembro, Clóvis se transforma no Papai Noel Pantaneiro para levar a magia do natal às comunidades mais carentes do Pantanal. Por onde passa ele deixa alegria, transforma desejos em realidade e faz perpetuar a tradição do personagem mais célebre do fim do ano. “Eu faço o Papai Noel no Shopping para levantar um dinheiro e financiar esse projeto que eu faço no Pantanal. A partir do dia 25 eu me transformo em Papai Noel Pantaneiro e fico lá oito, nove ou dez dias atendendo as comunidades”, diz Clóvis Matos.

A sua aparência de bom velhinho, com barba e cabelos longos e brancos alimenta a fantasia dos pequenos e fomenta a imaginação das crianças, sem perder o foco da literatura. “Todo pacotinho que eu entrego tem um livro junto e tem uma coisa fantástica que eu ouvi nos dois últimos anos. As crianças chegaram para mim e falaram: ‘Papai Noel, não quero brinquedo, só quero um livro’. Aí valeu a pena”, comemora.

Todo esse trabalho só é possível com as doações e com a ajuda de voluntários e patrocinadores que, assim como Clóvis, acreditam que a literatura pode salvar vidas. Embora as dificuldades sejam muitas, Clóvis nunca desistiu de manter seus projetos funcionando.

Tanto o Inclusão Literária, quanto as ações do Papai Noel Pantaneiro acontecem initerruptamente. Recentemente, ele perdeu um de seus maiores patrocínios, mas mesmo assim continua como pode. “Eu tinha um patrocínio maior da Energisa, mas com uma troca de diretores no final do ano, o diretor novo que assumiu, eu não conheço ele, não sei quem é, cortou os patrocínios, então eu fiquei com uma mão na frente e a outra atrás, mas eu não parei o projeto”, afirma.

As dificuldades financeiras não são suficientes para parar esse ativista, que já está de olho no seu mais novo projeto: a criação de um barco biblioteca para percorrer os rios de Mato Grosso e atender as comunidades ribeirinhas.

Como alternativa para enfrentar essa maré e arrecadar fundos para desenvolver seus trabalhos, o Inclusão Literária foi inscrito na plataforma de financiamento coletivo Catarse, onde apoiadores podem fazer suas contribuições de qualquer valor. Quem tiver interesse em ajudar basta acessar o endereço eletrônico www.catarse.me/projetoinclusaoliteraria.

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